terça-feira, 9 de setembro de 2014

Repúdio à Expulsão de um Aluno Autista em Escola Pública

Eu, como professora de escola pública do Rio de Janeiro e mãe de um menino autista, conheço os dois lados da moeda: de um lado, professores sem preparo e sem treinamento para lidar com a diversidade, no caso do autista. Também sei como é difícil trabalhar sem recursos pedagógicos, sem apoio de profissionais especializados (fonoaudiólogo e psicólogo, trabalhando dentro das unidades escolares), sem valorização e uma série de outras coisas. Contudo, não justifica estes profissionais infringirem a lei. Eles excluíram e tiveram atitudes preconceituosas contra o aluno autista e devem ser punidos. O outro lado é o da mãe de um menino autista que luta para que ele tenha um ensino e um tratamento digno. As dificuldades são mil, mas graças à Deus, ele pode ter um tratamento especializado. Por que? Porque a minha mãe pode custear os terapeutas e a mediadora. E as mães carentes? Onde está a inclusão desses filhos??? Onde está o poder público, neste momento? Para isso acontecer nesta unidade escolar, muita coisa errada deve está acontecendo. Aliás, a Educação no nosso país está sucateada, infelizmente! Lamentável estarem formando uma geração cruel. Percebo que os governos, não só desta cidade, mas de várias, preocupam-se somente em estatísticas, em metas e no IDEB. E o ser humano? E o pedagógico? Eu estou farta de tudo isso! A inclusão sem formação continuada obrigatória em EDUCAÇÃO ESPECIAL, sem a presença de um mediador para a criança, sem a redução do número de alunos por turma com a presença de uma criança especial, sem a visita de profissionais especializados na unidade escolar, sem adaptação da metodologia de ensino para ela, etc, é estéril e improdutiva. A inclusão não é depositar a criança autista, abandonada a sua própria sorte, no ambiente escolar. Ela precisa de direcionamento, paciência e principalmente amor. Escolas como esta, deste lamentável episódio, só têm a perder, pois uma grande oportunidade de se conhecer pessoas autistas e outras especiais são perdidas. Toda a comunidade escolar perde a chance de mudar suas arcaicas visões de mundo.



         

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