domingo, 9 de agosto de 2015

O Tempo!!!

Já faz muito tempo que não posto nada no Blog do Diogo. Muita correria! Esta é a vida de quem tem um filho autista. Mas não posso deixar tudo morrer. Criei este blog para registrar a história do Diogo e vou até o final, mesmo com atraso. De janeiro pra cá muitas coisas aconteceram: O Diogo mudou de escola, de mediadora, teve dificuldades em se adaptar à tantas mudanças, assim como a escola nova, no começo, também não estava adaptada ao Diogo. Enfim, início de ano tenso. Mas, aos poucos, tudo se acomodou. Outra mudança radical que fiz foi mudar o turno da escola, das terapias. Foi uma decisão rápida, sem raciocinar direito, mas foi fundamental para deixar o Diogo mais autorregulado. Somando a isso, a sua medicação aumentou, proporcionando uma melhor qualidade de vida nele.

Este ano, só tenho alegrias para narrar, apesar de toda a luta que temos no dia a dia. Os seus novos amiguinhos o recebem muito bem e tentam interagir com ele.
A escola nova é muito conteudista. Diogo está no Pre II, numa turma de alfabetização, acompanhado por uma mediadora. Esta produz atividades adaptadas, mas o apelo visual estava faltando. As imagens teriam que atuar como recurso para o aprendizado do Diogo. Foi aí que eu entrei. Com minha habilidade em Artes Visuais e com pesquisas a respeito do autismo, comecei a fazer cards, pranchas de exercícios com folhas plastificadas e montagem de letras. Não parei mais. Cada vez, aperfeiçoava o material, até lançar o Alfabeto para Educação Inclusiva. Cada prancha tem a apresentação da letra, com uma imagem e a palavra equivalente. Mais abaixo, a montagem da mesma palavra com velcro adesivado. Este alfabeto comecei a comercializar para diminuir o impacto do investimento do material que fiz para adaptar os conteúdos da escola.

Cada dia, percebemos o Diogo mais conectado com o mundo ao seu redor. A inflexibilidade diminuiu bastante, como também a habilidade de espera aumentou. Acreditamos que é um conjunto de coisas que está proporcionando esta melhora. 
Ao participar do grupo de estudos em Arteterapia no Espaço Marise Piloto, com o livro Gestalt Terapia Para Crianças, de Luciana Aguiar, nossos horizontes se abriram mais. Ser autista é apenas um detalhe do Diogo. Ele como individuo é um ser global, que participa de vários campos ou contextos, que automaticamente interagem com ele, numa via de mão dupla. Os ajustes criativos, não saudáveis que ele apresenta (esteriótipos) são originados por alguma parte desse todo. A interação entre ele e os contextos vão o modificando, à medida que descobrimos as possibilidades de reconfiguração do contexto em que o Diogo vive. Isso é apenas um resumo de tudo o que venho lendo e entendo, que forçar algo que ainda não internalizou é um desrespeito à sua natureza. Assim, percebo como foi muito benéfico ao Diogo a sua atual equipe terapêutica (com ele há quase 2 anos), que além de atuar nas sessões, nos orientou nas reconfigurações que precisávamos realizar, através das reuniões devolutivas e nos abriu os olhos em relação ao medicamento, que precisava atingir partes do seu todo. Pois se uma dessas estiver desarmonizada reverbera em tudo. Ainda, há um tabu em relação ao tratamento medicamentoso. Eu mesma o quebrei e por isso compartilho para quem for ler este texto a minha experiência como mãe. Percebo como eu posso, também, com determinados comportamentos meus, gerar ajustes não saudáveis no Diogo. São tantas coisas que gostaria de narrar. Mas acho que falei demais para quem nunca mais postou neste blog.



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